domingo, 26 de setembro de 2010

RAUL TEIXEIRA E CHICO XAVIER

O texto a seguir foi transcrito do livro "Para uma vida melhor na Terra", p.22, do querido médium e orador espírita Raul Teixeira. Relata uma experiência singular vivida por ele junto a Chico Xavier.


"Recordo-me que, em determinada visita minha a Uberaba, recebi um convite do Chico, por meio de um amigo comum, para que fosse participar em sua casa de uma reunião íntima com amigos seus, num diálogo em torno da nossa Doutrina. Senti-me profundamente honrado com o convite. Na minha ingenuidade da época, imaginei que uma reunião íntima comportaria umas dez pessoas, no máximo, e preparei-me, interiormente, para compor o círculo da intimidade daquela Alma querida. A minha surpresa foi grande quando, ao chegar à frente da sua casa, já lá estavam dois ônibus especiais e mais alguns automóveis. A sala do Chico estava repleta, e dei-me conta de que um homem com aquele coração imenso teria que ter um pequeno exército de gente querida na condição de íntimos seus. A noite foi formidável. As lições lidas das obras da Codificação kardequiana, assim como das por ele psicografadas, trouxeram-nos elementos gloriosos para meditação e proveito. Enquanto as páginas eram lidas, entremeadas de comentários muito oportunos pelos participantes, Chico Xavier psicografava um texto de Emmanuel e outro de Maria Dolores. Dois primores de páginas. No momento dos passes, enquanto o Médium de Emmanuel orava, sentimo-nos envolvidos por uma aura de perfume. Era perfume de rosas frescas, como se alguém as triturasse naqueles momentos. Ao mesmo tempo, das bordas de um jarro de vidro transparente, posto com água sobre a mesa, "brotava" uma substância espessa, como mel de abelha, que escorria por suas paredes internas, depositando-se no fundo. Era impossível deter a onda de emoção, de alegria e de gratião a Deus por aqueles momentos de profunda comunhão entre os dois campos da Vida. Findada a aplicação de passes, Chico solicitou que alguém mexesse com uma colher a água com a referida substância, produzida pelos Imortais que se valeram da mediunidade de efeitos físicos de que ele era também portador. A água tornou-se totalmente leitosa e com sabor de rosas frescas, chegando a travar na garganta. Chico nos disse ter sido um presente do Espírito Sheilla, presente na ocasião, como um gesto de carinho para com os ali reunidos. Não nos refizéramos daquelas doces emoções quando alguém bateu forte nos portões da casa. Chico indica alguém para abri-los. Vemos, então, entrar um grupo de angustiadas pessoas. Um casal jovem, uma senhora idosa e um criança na faixa dos seus 8 ou 9 anos de idade. A criança ia abraçada com força pelo pai, em lágrimas, enquanto chutava, mordia e agitava-se o menino. As duas senhoras choravam intensamente. Era uma cena de muita dor. Chico silenciosamente acompanhava tudo. Foram oferecidos lugares aos chegantes para que se assentassem. E, enquanto o pai detinha o menino enfurecido, a jovem e abatida mãe narrava, com a voz entrecortada pelas lágrimas, a história que os levava até o médium. Os médicos possíveis já haviam sido consultados, sem resultado. Tudo já havia sido buscado, sem êxito. A criança fazia muito tempo não dormia, nem seus pais. O problema se arrastava sem solução, tendente a piorar, quando a derradeira solução lhes foi sugerida por vizinhos condoídos: procurar o Chico Xavier, em Uberaba. Ouvida a história pelo Chico, com dolorida atenção , ergueu-se o médium, sem alarde, sem espetáculos, sem respiração ofegante, sem gestos ousados. Dirigiu-se à dupla pai-filho, rogou que um de nós orasse, a fim de reunir os pensamentos em torno do caso, e estendeu as mãos. Nova onda de aroma de flores tomou conta do ambiente. De imediato a criança adormeceu. Adormeceu de ressonar. Os familiares agora choravam de gratidão, de emoção, de alívio ou algo assim. Aquele pai arranhado, cuspido, com hematomas pelo rosto, beijou as mãos do Chico, que, como de costume, retribuiu. As duas senhoras abraçaram o medianeiro com visível felicidade, e o que dele ouviram foi a orientação para que procurassem, em sua cidade, no interior de Goiás, um centro espírita, a fim de darem continuidade aos passes do menino, e para que pudessem receber a orientação da Doutrina, de modo a curá-lo. Ali estava o exemplo da mediunidade com Jesus. Nenhum espetáculo, vale repetir, nenhum espalhafato. Nenhuma previsão catastrófica, nenhuma ameaça. Respeito ao livre-arbítrio dos pais. Apenas uma orientação fraternal. Penso nunca ter aprendido tanto em tão pouco tempo. Foi o episódio mais marcante que vivi junto ao abençoado Francisco Cândido Xavier. Fico a pensar (com uma ponta de inveja) na riqueza de aprendizado de quem teve a honra de viver uma vida inteira, ou largos anos, ao seu lado, vendo-o agir, ouvindo-o falar, sentindo-lhe o pulsar da alma genuinamente cristã-espírita devotada à construção do Reino de Deus na Terra..."





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