quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O VERBO ENCANTADOR

O dia brincava ainda nos extensos campos com preguiça de ir-se embora. A tarde era um festival de luz.
Próximo a florido laranjal, sob frondosa árvore junto a cantante regato, perto de 400 jovens nos quedávamos sentados no chão, olhos marejados, feições serenas, embevecidas; quiçá o pincel de inigualável artista houvesse criado o quadro encantador que podia ser ali admirado.
Corria o ano de 1962, mês de abril, encerramento de mais uma Combesp, encontro que congregava jovens espíritas que mediavam entre 15 a 25 anos, e, naquele momento, nada quebrava a magia que nos trazia ali atentos, magnetizados.
Era, e é ainda, magistral o mago que assim nos encantava.
Jovem, também, mediana estatura, presença harmoniosa, estava postado à sombra amiga de velha árvore; os olhos semicerrados pareciam fitar ignota paisagem que ia descrevendo com inigualável mestria.
A voz forte e doce, ao mesmo tempo, estava possuída por especial encanto e penetrava as almas juvenis que acompanhavam, suspensa na ternura que se irradiava dela.
A estória narrada era comovedora, mas era o orador o responsável pelo clima criado no bucólico ambiente.
A mensagem primorosa arrancava da assistência reprimidos soluços, e a linguagem dúlcida do bem, estimulada por ele, tecia promessas de renovação entre os que o ouvíamos.
Aqueles moços, que fugiam do bulício do mundo para vivenciarem, no feriado prolongado, as primícias da dedicação e estudo do Espiritismo, sentiam, ainda uma vez, a força do verbo encantador que se elevava para ensinar encantando ou encantar ensinando, como fizera antes e continuaria a fazer.
Acreditamos que, se um dos botões das laranjeiras próximas ousasse abrir ou um pássaro atrevido cantasse, alguém se voltaria para dizer: Silêncio, Divaldo Franco está falando, em nome de Jesus.
Ana Guimarães
Fonte: Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil/Rio de Janeiro, ano II, nº 17, agosto/2010

Um comentário:

  1. Por três vezes tive a oportunidade de ouvir e ver Divaldo Franco ao vivo e em cores... confesso que me senti "privilegiado" por renascer na Terra num período em que esse sublime "Cantor" do Evangelho do Cristo se faz presente entre os homens... Que ele receba nosso sentimento de gratidão em bênçãos de harmonia e paz!

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