Em 28 de outubro de 1991, decidi pular de parapente, de uma elevação de 90 metros de altura. Mas, assim que pulei, percebi que não ajustara o equipamento e estava totalmente dessincronizado. Girei na direção do morro, corrigi-me e, nisso, a corrente de ar ascendente me pegou.
Estava, então, 200 metros acima de onde começara. Uma forte turbulência desinflou o parapente. Como um saco de batatas, caí. Acabei com minhas costas, mas sobrevivi.
Quando saí da UTI os médicos disseram que minha coluna teria de ser remontada com placas e parafusos. Uma vértebra se quebrara e duas estavam fraturadas. A operação seria dali a três dias.
Na manhã da véspera da operação, acordei e vi um médico em pé ao lado da cama. Ele me recomendou que não me submetesse à cirurgia, que ficasse de cama e deixasse a coluna sarar naturalmente. Continuou contando que um paciente seu sofrera lesão parecida com a minha num acidente de paraquedas, mantivera-se deitado e imóvel durante oito semanas, e dera tudo certo. Quando lhe agradeci, ele desapareceu: evaporou diante de mim. Mas era tão real quanto qualquer outra pessoa.
Dali a cinco minutos uma enfermeira entrou no quarto e contei-lhe o que acontecera. Ela me aconselhou a fazer o que ele recomendara a avisou-me que não contasse a ninguém a experiência.
Mais tarde naquela manhã, me levaram para fazer uma ressonância magnética do corpo inteiro e reconheci o médico num retrato em tamanho natural na parede do corredor. Quando voltei, falei com a enfermeira.
O homem era sir George Bedbrook, cirurgião muito admirado e respeitado. Sua especialidade era o tratamento da coluna com métodos naturais, sem cirurgia. A enfermeira então me contou que ele morrera naquele ano.
Foi um dia difícil. Tive de dizer ao cirurgião, à minha mulher e aos meus pais que ia ficar ali deitado e deixar que a coluna sarasse por si só. O cirurgião explicou que a lesão era grave demais para essa opção. Minha mulher e meus pais ficaram com a tarefa de me convencer a concordar com a operação.
Pois bem: não me submeti à cirurgia e, hoje, quinze anos depois, gozo de perfeita saúde e tenho uma empresa que me exige muito fisicamente.
Nunca esqueci aquela visita, que foi um ato de intervenção divina. Considero-me a pessoa mais sortuda do mundo.
Stephen Wood, empresário
Fonte: Revista Seleções, julho 2009.
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